Day 1;
Com certeza o dia de hoje irá ficar cravado em mim para sempre, pois dei início a um novo caminho e desta vez sem te ter do meu lado. Parei de fechar os olhos e a ignorar a realidade, e essa, sempre foi a mesma desde o dia em que entras-te pela porta da frente na minha vida. Mas ainda assim, ignorei-a e limitei-me a ser fraco e a sonhar com capítulos impossíveis de forma a que me sentisse mais confortável com a tua presença. Ás vezes só o facto de imaginar histórias contigo, fazia-me aguentar mais um dia e o teu silêncio permanente fazia-me sentir mais aconchegado, como se me estivesses a permitir a sonhar. E sonhei, muito, mais do que devia. Cheguei ao ponto em que me ceguei com sonhos e agarrei-me à esperança de que um dia pudesses ver em mim algo que te desperta-se algum interesse. E quando me davas a oportunidade de ver um pouco do teu mundo eu via que era nele que gostava de estar, confiei nas tuas palavras, saboreei os teus actos e mantive-me vivo com o tão pouco que sempre me deste. Durante muito tempo pensei que fosse o suficiente para continuar a caminhar, pensei para mim muitas vezes que sempre era melhor ter este pouco de ti do que não ter nada, mas enganei-me. Com o passar dos dias ia acabando por me aperceber que te amava cada vez mais, de todas as maneiras que conhecia e as que desconhecia acabava por vir a conhecer, muitas vezes sem dar por isso. Pois havia sempre algo teu, um pequeno detalhe que me fazia te amar mais. E com o amor, veio o desejo. E esse gritava constantemente na minha cabeça, como se cada parte do meu corpo grita-se pelo teu socorro. Infelizmente, a partir do momento em que os sentimentos crescem, todas as nossas prioridades, tudo aquilo que nós pensávamos que iria ser o suficiente, muda. Passamos a ansiar por mais. E tu não foste capaz de me dar mais, como se o teu interesse por mim não estivesse a crescer juntamente com o meu sentimento. Apercebi-me de que vivia de algo que tinha chegado a um ponto em que já não era paralelo, e quando chegamos ao ponto em que nos apercebemos que nutrimos algo que deixou de ser saudável para nós, há que parar, nem que seja por amor próprio. E confesso que julgando a maneira de como me entreguei constantemente de bandeja, perdi o meu.
E agora olho-me ao espelho e vejo todas as cicatrizes que deixaste em mim. Palavras não sentidas, promessas furadas, abraços forçados, beijos forjados, ausência permanente. Em cada uma delas eu ponho agora um penso e ao longo desta minha jornada, eu vou retirando cada um e enfrentar o que ele me traz. E só enfrentando a realidade, é que eu vou ser capaz de seguir em frente, pois a realidade irá me dar a conhecer detalhes que eu enquanto estive tão cego por amor não quis ver. E será essa a chave para o meu bem estar. Que assim seja, que venham então os detalhes, a verdade e a realidade, pois de sonhos estou eu farto de viver.