sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

São memórias.

Hoje quero poder partilhar um texto que escrevi dia 10 de Novembro de 2008 depois de ter visto mais uma vez aquilo que eu sempre considerei mais importante ir embora. Estava mais que abalado, e ás vezes, faz-me bem ler coisas que um dia escrevi, rever sentimentos, poder chorar ao ver que o que esta em causa é algo verdadeiro. 
''Ás vezes sinto vontade de parar para pensar. Refugiar-me em palavras que anseio que ninguém veja. Não por medo,não por vergonha.. Mas sim porque sempre tive a dificuldade em me expressar. Tento por vezes escrever para mim, faço das folhas de papel as minhas amigas e conto-lhes tudo o que vai aqui dentro , embora às vezes não saia o mais acertado. Mas hoje é diferente,sinto a necessidade de me expressar, de me mostrar, de partilhar a dor que estou a sentir com o mundo. despedidas... Algo que nos últimos tempos têm feito parte da minha vida de uma maneira que nunca pensei algum dia ser possível. Mal a consigo descrever pois é algo dificil de descrever mas mais difícil ainda de sentir, é um sentimento frio, um sentimento descendente da dor. Hoje ví a pessoa mais importante da minha vida partir e acreditem ou não foi como me arrancassem o que eu considero com mais valor à força, algo que ultimamente tenho sentido várias vezes,pois tem sido sempre uma constante corrida no tempo com despedidas todos os meses, que me tornam mais forte e com o tempo acabar por pensar que me podia "habituar" mas não. Não é algo a que eu me queira habituar, pois sei e sinto que também não vai ser preciso. enquanto te levava à estação percorríamos as ruas do Porto em silêncio, os meus olhos sentiam-se cada vez mais carregados por lágrimas que queriam caír mas que eram forçadas a manterem-se intactas devido à força que me mantinha capaz de o fazer. O siêncio e a escuridão eram mutuos, o barulho dos carros era quase como ínvisivel. Eu não pensava noutra coisa senão arranjar uma maneira de me manter capaz de controlar os meus sentimentos, apertava-te a mão, apertava-te o pé! Precisava de um pouco da tua força. Precisava de sentir que ainda estavas cá! Chegamos à estação. Entretanto foste comprar o teu bilhete, ouvir-te pedir o bilhete foi como me tivesse apercebido ainda mais que ias mesmo embora. Corri para a casa de banho, limpei as minhas lágrimas, disse para mim mesmo que tinha de ser forte. Fui ter contigo, seguido de uma "última" refeição do teu lado! Olhava para o telémovel, via os minutos que não paravam de passar. Então pensava "daqui a 5 min já não estou contigo" aí eu via-me mais uma vez obrigado a encarar a realidade. A caminho da linha tu já acelaravas o passo com medo de perder o comboio, eu... Eu retardava-o, para poder olhar para ti mais um minuto para sentir que ainda estavas comigo, que o teu corpo estava presente perto do meu. A informação que o comboio iria partir corria no ar, foste para a porta do comboio. Ai surge um grande abraço... um beijo. A frase "porta-te bem". Não consegui conter as lágrimas comecaram a escorrer, tu recuas-te. As portas fecharam. Acenei-te com a mão e o comboio partiu. mais uma vez foste arrancado de mim à força sem eu nada poder fazer. enquanto isso eu parecia perder a força nas pernas, o meu coração apertava cada vez mais. Ias para longe e custava-me ter de assumir isso... Foi ai que a senhora que tinha levado o filho ao mesmo comboio em que foste se chegou a mim e deu-me um abraço e disse "temos de ser fortes meu menino". Nesse momento não fazia outra coisa senão chorar, a minha cabeça doía, o meu coração chorava por dentro por te querer aqui e tu não estares... mais tarde á vinda para casa custou ter de passar pelos sitios em que passamos juntos e olhar para o meu lado e ver que estava completamente sozinho,custou deitar-me na cama e sentir o teu cheiro e tu não estares cá.
Preciso cada vez mais de ti.