segunda-feira, 16 de junho de 2014

Roads...


E é mais uma daquelas noites. Deito-me sob os meus lençóis, fecho os olhos e limito-me a ser perseguido pela tua imagem. Em circunstâncias ditas ''normais'', o que eu faria era simplesmente me entregar ao caminho e continuar a fugir, mas desta vez, tudo é diferente. Eu sou diferente. O facto de te teres tornado tão presente na minha vida nos últimos meses, faz-me querer lutar pelo meu bem-estar e impede-me de continuar a fugir. Por isso, abri os olhos, levantei-me e abri a janela do meu quarto. Agora vejo a lua que preenche todo o espaço de luz. Faz-me ver e perceber que apenas o facto de ligar o ''piloto-automático'', de fechar a boca e me manter em silêncio, não é o suficiente para o meu bem-estar. Se o fizesse, apenas estaria a provar a mim mesmo que o facto de teres estado aqui não mudou nada, que eu continuava a fantasiar com o rapaz que vi naquela noite de Verão. Mas como disse, eu não sou o mesmo, a minha vida também não. Por isso, agarro-me mais uma vez à ideia de que não nos devemos sentir mal pela necessidade de subir ao pico mais alto de uma montanha e gritar o que sentimos. Então o silêncio é quebrado, eu deixo de ser mudo e passo a citar tudo o que sinto, pois viver com tudo o que sinto de maneira a que ninguém perceba, apenas torna as coisas mais difíceis de degerir e aceitar. E embora me considere uma pessoa diferente, confesso que nos últimos dias tenho feito tudo aquilo que um dia fiz, simplesmente ignorar tudo o que sinto, talvez pelo facto de por todas as vezes em que não o fiz acabei por me mostrar demasiado vulnerável. Tenho vindo a ignorar o facto de que a partir do momento em que te tornas-te mudo para mim, em que as tuas palavras escassearam e que agora mais uma vez te focas no teu caminho, eu sinto-me totalmente perdido e sozinho sem o teu amparo. Tem sido uma nova batalha ao nascer do dia de todos os dias, alguma palavra por esquecer, uma imagem para não lembrar. E honestamente, cada vez que fecho os olhos e sou invadido pela sensação de que chegou o fim, é óbvio que me mostro vulnerável, mesmo que entre em quatro paredes. Sinto-me assustado e com medo de me voltar a perder da pessoa em que me tornei. Numa pessoa que aprendeu a viver com a tua presença, com as tuas palavras e brincadeiras diariamente... De alguém que aprendeu a sentir-se banal ao pegar no telemóvel e ver uma mensagem tua. Eu gosto dessa pessoa, gosto da pessoa que agora se reflecte no meu espelho. E não quero, não posso voltar a tornar-me na pessoa que vivia de palavras escassas, de episódios curtos e sem sentido. Sempre que penso nela, vejo sempre o mesmo, alguém sem qualquer tipo de amor próprio. E embora esteja consciente de que talvez alguma parte dessa pessoa, vive e sempre viverá em mim, não quero nem me vou focar em torná-la permanente. Mas penso que fundir um pouco das duas será a escolha mais acertada, pois assim, tudo ganha um certo balanço que me faz sentir mais confortável. A pessoa de ontem sabe o que viveu, sabe o que sofreu e superou. E isso torna-me em alguém humilde o suficiente para não sentir qualquer tipo de banalidade por todas as vezes em que te sentas-te ao meu lado num café, pois essa pessoa sentiu-se completa por todas as vezes em que o fizeste. Mas a pessoa de hoje, aprendeu a ocultar o tremor nas mãos, as borboletas na barriga por cada repetição desse episódio, não porque deixou de significar o mesmo, mas sim por uma questão de segurança. E como finalidade é isso. Tornaste-me em alguém mais forte, em alguém que sente mas que não o demonstra por completo, em alguém que simplesmente há de aceitar que um dia irás seguir o teu caminho sem olhar para trás, porque agora eu entendo o porquê das coisas, vejo o sentido nas tuas atitudes, a intenção nas tuas palavras. E tudo isso apenas me faz ficar mais convicto de que um dia é isso que irá acontecer e pouco ou nada eu posso fazer para o evitar. Tu não és um para sempre, nunca foste... A pessoa de hoje é forte o suficiente para o aceitar, para aceitar a derrota, o fim da luta. Mas a pessoa de ontem, sabe que em mim, tu és para sempre, que irás estar sempre aqui, mesmo que a tua voz se cale para sempre.