domingo, 27 de maio de 2012

Recordações

Os meus dedos sobrevoavam as páginas, as fotografias, os adereços que de nós fizeram aquilo que somos hoje. Enquanto dediquei a minha noite a recordar tudo aquilo que fez parte de nós em tempos, apercebi-me de algo, de uma verdade. Já não és meu, como eras... Pois agora há outro alguém a sobrevoar aquilo a que eu tempos chamei ''a nossa relação''. É irónico referir-me a alguém como ''o outro'' até porque provavelmente quem se acabou por tornar nele, fui apenas eu, pois agora a tua vida segue com ele, enquanto que eu continuo aqui sentado a escrever sobre a minha vida, enquanto ela continua igualmente parada. Como te disse um dia com revolta nos olhos e nas palavras, enquanto tu vives duas vidas, eu não vivo nenhuma... e sinceramente sinto-me exausto que assim seja, pois agora que me apercebi da megera em que estou inserido, sinto-me preso e completamente viciado na dor... por vezes faz-me lembrar de quando era criança e queria tanto uma boneca e infelizmente a minha mãe não me podia dar... eu passava horas a lutar por ela, a adora-la, a querê-la mais, dia após dia. Sinto exacto o mesmo em relação a ti, pois olho para ti e sei que não te tenho, pelo menos da maneira que eu sempre esperei vir a ter e isso dói. Agora também és de alguém, mais do que meu diria... Mas sabes, curioso, quando é que eu voltei a ter a tal boneca que tanto adorei e chorei por? Nunca. Por isso provavelmente há de acontecer o mesmo contigo, nunca te hei de ter. Por isso até lá, por-me sentir preso, sou obrigado a viver nesta vida a que tu chamas de ''divertida'' e eu continuo a insistir e a dizer que é um verdadeiro inferno. Porque é.