quarta-feira, 1 de abril de 2015

HB.


Hoje é aquele dia que eu guardei no coração como o dia em que iria abrir aquela gaveta que nos últimos meses fiz sempre questão de ignorar. O dia em que me iria tornar totalmente vulnerável e completamente despido de todos os fingimentos que esta situação por vezes me fez seguir. Sentei-me no chão do quarto, abri a gaveta e esqueci tudo o resto. Perante todas as memórias que aquela imagem me trouxe, apercebi-me de muita coisa mas a que com certeza ficou mais marcada, foi a falta que me fazes. Sei que foi por culpa minha e isso faz com que eu não me sinta magoado, mas faz-me sentir saudades... E por vezes confesso que não sei o que é pior. A verdade é que quando nos sentimos magoados, de certa forma acabamos por encontrar algum conforto porque fomos a vítima daquela situação, fomos quem levou a facada, quem nutriu a traição. Mas eu sei que isto foi provocado por mim e se nos dias de hoje sofro com saudade, foi algo que eu próprio semeei. Não encontro qualquer conforto nas minhas palavras, ou até mesmo no facto de existirem lágrimas a escorrerem-me pelo rosto à medida que vou escrevendo no meu computador, sinto apenas revolta, revolta na estupidez das minhas atitudes que me fizeram te perder, no caminho que decidi percorrer mesmo quando soube que tu não eras da mesma opinião, sempre com a desculpa de que estava a fazer o melhor por mim e pelo meu coração na altura... Mas esqueci-me de que se havia alguém que me conhecia como a palma das suas mãos e que conhecia cada ritmo do meu coração, essa alguém eras tu. Foste alguém que sempre me desejou tanto bem, que cuidou sempre tanto de mim ao ponto de ás vezes me sentir sufocado, alguém que dava valor e prestava atenção a cada palavra minha o suficiente para mas relembrar mesmo que dias se tivessem passado, alguém que dava voltas desnecessárias pelo simples realizar das minhas vontades. Foste tudo, eras tudo aquilo que eu procurava numa melhor amiga. E eu estupidamente fui capaz de errar de tamanha forma que hoje já não posso dizer que te tenho comigo, agora sobra apenas esta saudade... Que embora doa, irá ser algo a que eu me darei à obrigação de sentir, nem que seja uma vez por ano. 

Mas hoje é sobre ti, é o teu dia pois estás de parabéns. Sei o valor que lhe dás, mesmo que o dos últimos anos tenha sido o suficiente para te tornar mais fria e sombria. Sempre admirei o facto de que mesmo assim, encontras-te sempre forças para o encarar com um sorriso e com uma fotografia acompanhada por um texto prontinho para o teu blog. Sei que é um ritual teu, um momento que tiras para dar uma revisão na tua vida, para estabeleceres os teus objectivos e para arranjares maneiras de os alcançar. Toda essa força de vontade, foi algo que me fez nutrir uma admiração enorme por ti, mesmo que nunca o tenha dito, sei bem que a nossa relação nunca foi baseada em promessas ou demonstrações de afecto, mas ainda assim não mudaria nada na sua essência, pois foi sempre um dos elementos que a tornou tão única e essencial ao ponto de não conseguir viver sem. E embora já cá não estejas, quero-te felicitar pelo concretizar dos teus sonhos, pelos objectivos que continuas a alcançar, como sempre te disse tu sempre foste capaz e iria chegar o dia em que irias conseguir. Fico contente por não estar errado e sinto orgulho por te ver transformar na pessoa em que te transformas todos os dias. Foi alguém, um ser humano que tu mesma crias-te e quanto a isso e a tudo o resto, estás de parabéns, porque não podias ter executado melhor trabalho. Espero que assim continues, que continues a coleccionar sonhos, a alcançar objectivos e a encontrar nas tuas cicatrizes razões para sorrir porque conseguis-te superar. 

Mas acima de tudo, continua a sorrir e não deixes de celebrar mais uma ano da tua existência, porque acredita quando eu digo que vales a pena. 

do teu sempre, Hero.